Três décadas de fé: IP Cruz Alta celebra 30 anos de seu templo com história marcada por resistência, missão e gratidão
Não foi só mais um culto. No último dia 27 de abril, a Igreja Presbiteriana de Cruz Alta comemorou uma data simbólica: os 30 anos da inauguração de seu templo no bairro São Miguel. Mas por trás das paredes dessa construção há muito mais do que argamassa e tijolos — há uma história entrelaçada com perseverança, fé e a dedicação de missionários e famílias que apostaram no impossível.
A igreja, atualmente sob os cuidados da IP de Santa Maria, cidade distante 130 Km, é atualmente liderada pelo evangelista Rodrigo Boelhouwer, que tem sido o rosto e a voz da missão local. Seu trabalho pastoral foca na edificação espiritual da congregação e na propagação do evangelho reformado, enquanto a supervisão institucional vem do pastor Paulo Sérgio Romão, da igreja-mãe.
A celebração marca não apenas a trajetória de um templo, mas o longo caminho da presença presbiteriana na cidade, que começou ainda na década de 1960. Tudo começou com o cabo do Exército Antônio Alecrim e sua esposa, Geni, vindos da IP de Nova Iguaçu (RJ). Junto das filhas, iniciaram um modesto trabalho evangelístico que plantaria as primeiras sementes da fé reformada em Cruz Alta. O apoio inicial veio do missionário norte-americano Flayel Grady, que atuou de 1965 a 1969, mas o trabalho seria interrompido com a mudança da família Alecrim para Porto Alegre.
A retomada só viria 17 anos depois, em 1986, quando o diácono Gilberto Coelho e sua família chegaram da cidade, vindos de Sapucaia do Sul. Com apoio do pastor Iram Vieira, foi iniciada a Escola Dominical e, em pouco tempo, a Junta de Missões Nacionais passou a enviar obreiros em sistema de revezamento. Entre eles, missionárias de diferentes partes do Brasil, como Marta Gerusa de Freitas (CE), Suzan Marcondes Machado (SP) e Ilma Martins (SP), foram peças fundamentais no replantio da fé reformada.
Durante os anos 1990, o trabalho se consolidou com a chegada de pastores como Paulo Rogério Garcez, Seung Ho Park — responsável por iniciar o trabalho no bairro São Miguel — e outros que seguiram. O apoio internacional também marcou época: igrejas da Coreia do Sul e a Igreja Presbiteriana Unida Coreana de São Paulo passaram a apoiar o trabalho em 1997, revelando a dimensão global da missão.
Nomes como os pastores João Carlos Cerqueira (2000), Renato Pedroso da Silva (2007–2009), Reginaldo Lins (2012–2015) e Marcos Manoel de Santana (2016) também marcaram suas passagens pelo campo missionário. A partir de 2016, a congregação entrou oficialmente no Plano Missionário Cooperativo da IPB, voltado à plantação e revitalização de igrejas, ganhando ainda mais estrutura e apoio estratégico.
Hoje, com status de congregação, a IP Cruz Alta é vinculada ao Presbitério Gaúcho e caminha em sintonia com a IP Santa Maria, mantendo viva a chama da missão, mesmo após tantas mudanças, desafios e transições.
E onde tudo isso acontece? Em Cruz Alta — cidade símbolo da cultura gaúcha e berço de Érico Veríssimo, um dos gigantes da literatura brasileira. Conhecida também como “Cidade dos Tropeiros” e “Ninho dos Pica-paus” (em alusão à Revolução de 1893), Cruz Alta carrega no DNA o espírito resiliente, o mesmo que moveu cada capítulo dessa história de fé.
Trinta anos depois, o templo permanece de pé, mas é a fidelidade de Deus e a persistência de seu povo que realmente sustentam a obra. Que venham mais décadas de evangelho, serviço e transformação na terra do autor de O Tempo e o Vento.
As informações e a versão principal do texto são de nosso correspondente Felipe Corrêa Machado - presbítero da IP de Santa Maria (RS).